O inverno da peste branca.

juillet 8, 2011

Quando ela chegou, eu sabia que iria dar confusão. Primeiro, ela atacou a ração e passou a nos deixar restos após suas incursões devoradoras ao pote. Eu aceitei. Gula é um pecado. Dos outros. Assim seria uma chance de redimir a Pepa e talvez salvá-la no Dia do Juizo Final.

Depois, ela passou a roubar nossos colos da Lígia. Sempre nos sentávamos no colo da nossa musa e mãe, lá vinha ela pulando feito um carneirinho enlouquecido. Irritante demais. Gentilmente no início e furiosamente depois, passamos a abandonar nosso conforto e nossa fonte de calor humano nos curtos dias do inverno.

Não, mas isso não bastava. Ela também passou a brincar comigo, achando talvez que eu fosse criança como ela ou um ser paciente com crianças como a Lígia. E isso foi o suficiente para minar a minha resistência imunológica e me deixar exposto e vulnerável.

Foi assim que um maldito fungo me atacou.

Aos poucos, meu lindo e precioso pelo persa começou a dar sinais de falhas. E para resumir, depois de levar injeções e vacinas, ontem finalmente fui tosado no corpo inteiro, exceto na cabeça e no rabo. Não sobrou pelo sobre pelo no meu dorso peludo, nem nas minhas ágeis pernas felinas.

Pareço um nadador olímpico.

Porém sem medalhas. Só me resta o conforto da Lígia, que me dá colinho, me embrulha em cobertores das bonecas da Júlia e ainda assim, na minha plenitude rídicula, me chama de lindo.

A Pepa passa por mim e faz fuuu achando que sou de outro planeta. Está senil e não me reconhece mais? A Hello Kitty, Peste Branca, origem de todo esse lamento, continua saltitante sobre mim, roubando meu cobertor.

Esse inverno não está fácil, não.

4 Réponses to “O inverno da peste branca.”

  1. Myrna Says:

    Tufinho, très chic o seu blog. E acabo de gastar todo o meu francês, que nem bizarre chega a ser.
    O pelo crescerá, Hello Kitty vai crescer e você vai sentir falta dessa insanidade toda.
    Não vou deixar beijo porque isso é coisa pra cachorro. Pra você, um afago na cabeça!

  2. Bruno Says:

    Tufinho! Me diverti lendo o seu relato. É realmente difícil acostumar com gente nova. Espero que com o passar do tempo vocês se tornem grandes amigos.

    Um cafuné! 😉


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